pescadores da torreira (cabrita alta)


 

joão manuel brandão

 

quantos anos tem um corpo?

 

ao pesado fardo

do ganha pão

os corpos curvam-se quebram-se

rápido se desgastam

 

retesados músculos

em esgar de dor

os rostos

são facas que cortam

quem os vê

 

cedo amanhecem os dias

e a ser os anos

ninguém os canta

poucos os contam

vivem no silêncio

aí permanecendo até que

 

alguns os exploram e exportam

o suor e o sangue

o corpo

feito mercadoria

lucrativa

vendida a estranhas gentes

 

são os pescadores

da torreira

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