tem de mudar


quantos anos a olhar o chão

ana?

 

da barraca para o mar

o alfredo criança ainda

a teus pés de mãe

 

são de areia os teus caminhos

de areia o chão da barraca

de areia a tua vida

esboroa-se por entre os dedos

o  trabalho

sem outros frutos que não o parco peixe

 

quantos anos a olhar o chão

ana?

quantas como tu de cabeça

baixa?

 

habitas ao pé do sonho de muitos

mas só isso

que teu é o pesadelo dos dias

de seres da casa o homem

e de teres criado o teu filho

a força de braço

só os teus

 

será já tarde para ti

a mudança

mas nunca é tarde para quem te vê

sentir que tem de

 

(torreira; companha do marco; 2010)

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